A
Caneta de Deus
Daniel
Bueno da Silveira
Fico frustrado por não ser o papel
adequado
para Deus escrever uma
bela
história de vida.
Sinto que minha tinta não tem mais
aquele
brilho e força que tinha;
Que os rabiscos que até agora escrevi,
não
sei se ficarão para a eternidade ou
se
apagarão com o tempo.
Sinto-me num mundo onde as
palavras
me sufocam;
Sinto-me perdido entre o ponto
de
exclamação e do de interrogação;
Percebo um mundo distante da
Palavra
de Deus e das palavras humanas
levadas
pela ventania da indiferença;
Sinto-me aprisionado entre a
sabedoria
e sua aplicabilidade;
Tenho medo que depois de tudo isso
as
folhas permaneçam em branco
e a caneta perca sua eficácia
na memória da humanidade.
Daniel Bueno da Silveira
Porto Alegre - RS
05/04/04